Resgata o que Pernambuco tem de mais original
Mestre da música brasileira, Luiz Gonzaga perguntava, numa de suas canções mais conhecidas: “De onde vem o baião?”. Para logo responder: “Debaixo do barro do chão”. O xote, o xaxado e o baião são os ritmos que, como mágica, do barro ou não, brotam na rota que leva o nome do músico, a partir do Recife em direção ao Agreste. Um percurso que cruza o Planalto da Borborema por municípios como Moreno, Gravatá, Bezerros, Bonito, Caruaru e Brejo da Madre de Deus.
Que Pernambuco tem praias lindas, todos sabem. Mas é preciso também saber que não apenas de sol e mar vive-se aqui. A Rota Luiz Gonzaga comprova. Gravatá, por exemplo, está para Pernambuco como Campos do Jordão está para São Paulo. Serrana, de temperaturas amenas que justificam casacos à noite, a cidade está repleta de hotéis de campo, chalés, haras e spas. Restaurantes dedicados a fondues e casas de chocolates convivem com endereços de culinária típica.
Na vizinha Bezerros, um dos mais concorridos Carnavais do interior pernambucano: ao som do frevo e muitos outros ritmos, milhares, dezenas de milhares de mascarados conhecidos como papangus tomam as ruas.
Sede de uma das maiores feiras abertas do mundo, Caruaru é uma cidade dada a superlativos. Capital do Agreste possui a maior e mais longa festa de São João do mundo: em junho, trinta dias seguidos são dedicados ao forró. Na cidade, está também o maior centro de arte figurativa das Américas: no Alto do Moura, dezenas de artistas, anônimos ou consagrados, dão seguimento à arte de moldar cenas da vida popular na cerâmica inaugurada pelo mestre Vitalino. Um mestre, aliás, reconhecido por outros.
Picasso, por exemplo, gostava de exibir um dos famosos bois de Vitalino ao lado de seus quadros.
Na fronteira com o sertão, Brejo da Madre de Deus tem o maior teatro ao ar livre do mundo. Até a Páscoa, nos grandes palcos da Nova Jerusalém, réplica arquitetônica da cidade israelita, alguns dos mais consagrados atores do Brasil representam as chagas e ressurreição de Jesus Cristo. Para refrescar, basta seguir a Bonito. O lugar logo justifica seu nome: aqui está a maior concentração de cachoeiras de Pernambuco. Em todas as cidades costuradas pela BR-232, o clima sempre festivo mostra porque a rota e batizada com o nome de Luiz Gonzaga. O forró, o xaxado e o baião são parte da paisagem.